"Michael Jackson não era um artista que surge uma vez em cada década, cada geração, ou num curso de vida. Ele era um artista que aparece uma única vez, ponto!
Eu tive a sorte de o conhecer quando ele tinha 9 anos de idade. Já nessa época havia algo nele muito convincente que, francamente, eu não sabia o que fazer com isso. Como pôde este garoto ter esse efeito em mim? Era um efeito tão potente que imediatamente me fez largar os meus receios sobre ter negócios com "crianças artistas", e me fez rapidamente criar um ambiente para Michael e seus irmãos de forma a que alimentassem e expandissem o seu talento.
Já nessa época ele tinha conhecimento sobre si. Ele sabia que era especial. Ele sabia dançar, cantar e representar como ninguém - ele só queria fazê-lo melhor.
Ele foi conduzido pelo seu desejo de aprender, para constantemente se superar, para ser o melhor. Ele era um estudante completo. Ele estudou os grandes e tornou-se grande. Ele ergueu a barreira e então QUEBROU-A. O seu talento e criatividade impulsionou-o a ele E ao entertenimento para a estratosfera.
Moonwalk foi a primeira vez que ele contou a sua história nas suas próprias palavras, reflectindo na sua vida, como ele pensava, como ele sentia as coisas. Este livro é uma oportunidade única para conhecer o verdadeiro génio de Michael e como esta criança de Gary, Indiana, se impulsionou a si mesmo para se tornar a maior estrela do mundo.
Moonwalk revela tanto da própria verdade de Michael, mas têm que ler nas entrelinhas para realmente compreenderem o que ele era. Devo dizer, no entanto, que ele tinha duas personalidades. Fora do palco ele era tímido, suave, e infantil. Mas, quando ele tomava o palco em frente aos seus fãs gritando, passava a outra personalidade; um mestre, um showman totalmente liberto. Para ele era matar ou morrer.
Para além de ser um mestre criativo na escrita, cantando, produzindo, representando e em palco, ele era também um pensador. E com intenção de se auto proteger, por vezes ele criava mecanismos mentais - personalidades - em palco, fora de palco, em salas de reuniões, nas suas negociações, nos seus planos de negócios e de auto-promoção. Brilhante? Correcto! Genial? Correctíssimo! Ele fez isto tudo acontecer. A sua personalidade pode ter sido contraditória, mas o seu coração foi sempre puro, lindo e amoroso.
Quando Michael e seus irmãos Jackie, Jermaine, Tito e Marlon fizeram a audição para mim na Motown em Detroit, naquele dia de Julho em 1968, eles encantaram-nos a todos com o seu incrível talento. A actuação do pequeno Michael foi muito para lá da sua idade. Depois de cantar e dançar como James Brown e Jackie Wilson, ele cantou uma canção de Smokey Robinson chamada "Who´s Loving You" com a tristeza e paixão de um homem que já vivera a tristeza e dor de um coração partido toda a sua vida. Eu não podia acreditar. Por muito bem que Smokey a tenha cantado, Michael cantou-a melhor. Eu disse a Smokey "Olha, acho que ele te apanhou nesta". Smokey disse "Eu também acho". Quando Michael e os irmãos actuaram no Ed Sullivan Show, não houve dúvida que o resto do mundo concordou.
Eu mudei-os para a Califórnia e eles tornaram-se parte das famílias Gordy e Motown. aqueles foram grandes anos - nadámos, brincámos, jogámos jogos, ensaiámos. Eu organizei uma equipa para escrever canções, e assim surgimos com quatro êxitos: "I Want You Back", "ABC", "The Love You Save" e "I´ll Be There". Os Jackson 5 foram o único grupo na história, a terem os seus primeiros quatro singles em número um. Estávamos emocionados - especialmente Michael. Era a inspiração para partir tudo o resto.
Projectámos Michael com Diana Ross num filme que produzimos chamado "The Wiz", aí ele conheceu o legendário Quincy Jones. Dessa colaboração resultou o álbum mais vendido de todos os tempos, "Thriller", juntamente com "Off The Wall" e "Bad".
Em 1983 os Jackson já não estavam na Motown. No entanto, os irmãos reuniram-se para actuarem no programa especial de televisão Motown 25 - Yesterday, Today, Forever. Após o poderoso e deslumbrante medley das suas canções, Michael tomou o palco sozinho e fez história pop. Desde a primeira batida de "Billie Jean" até ao arremesso do seu chapéu , eu estava magnetizado. Mas quando ele fez o seu icónico moonwalk, eu estava em choque. Era mágico. Ele entrou em órbita... e nunca mais desceu.
Contudo, tudo terminou demasiado cedo, a vida de Michael era maravilhosa. Claro que houve algumas épocas tristes e talvez algumas decisões questionáveis da sua parte, mas Michael Jackson alcançou tudo o que sonhou. Mesmo com 9 anos de idade, a sua paixão era ser o maior artista do mundo. Ele estava disposto a trabalhar duro e fazer o que fosse necessário para se tornar o que de facto era - o incontestável "King of Pop" em todo o mundo.
Que garoto não daria o seu braço direito para realizar os seus sonhos de infância mais arrojados? Michael amou tudo isso - cada momento em palco, cada momento de ensaio. Ele amou criar o que nunca antes tinha sido feito. Ele amou ter dado tudo o que tinha à sua música e tudo o que tinha para seus fãs.
O que eu quero dizer é que, Michael era tremendo! Completamente em controlo. De facto, quanto mais eu penso e falo sobre Michael Jackson, mais eu sinto que "King of Pop" não era suficientemente grande para ele. Penso que ele foi simplesmente "O Maior Entertainer Que Alguma Vez Viveu".
Berry Gordy
Fundador da Motown, 2009
2 comentários:
Testemunho muito verdadeiro de Berry Gordy, durante toda a trajectória de sua vida artistica.
Tb acho que a definição correcta de Michael seria "O maior entertainer do planeta. Michael foi muito mais que King of Pop,
Concordo com a Maria, um testemunho muito verdadeiro.
De arrepiar! Michael de facto foi e será o maior entertainer que alguma vez existiu. Michael sabia bem o que queria, e conseguiu!
Ana cristo
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